quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Spoiler

Ele me apresentou ao que hoje é a minha saga preferida do cinema. Na época fiz um cartão com os personagens que representavam o único par romântico do filme. Eu era Leia, ele Han Solo. E eu nunca fui muito fã do Han Solo. Hoje, depois de um ano de ansiedade fui ver o sétimo episódio da saga e chorei muito, inclusive na morte do Han Solo, que eu já sabia devido a um spoiler.  A morte de um personagem nunca foi tão simbólica pra mim. Eu já disse que eu nem gostava do Han Solo? O Han Solo morreu. Morreu. E eu tô pensando no simbolismo disso na minha vida até agora, porque pra mim há tempos que Han Solo não existe mais.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Sonhei que ele me entregava o que ainda achava ser meu doce preferido. No papel que o envolvia tinha uma bilhete: Já faz 6 anos que você me conheceu. Não sou o mesmo.
Me pareceu uma espécie de pedido de desculpa, uma abraço pra me liberar pra vida. Acho que foi o texto que escrevi ontem, meu inconsciente trabalhando pra eu não me sentir culpada por ser livre.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Memória (in)suficiente

Ontem fez quatro anos, só lembrei agora. Exatamente agora.
Não doeu, não passei mal, não senti saudade e principalmente, não senti raiva.
Esse ano foi ruim em vários aspectos, mas ótimo em outros, como esse. Minha memória cada dia pior é motivo de comemoração.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

I'm to afraid to love you

Quando estava com alguém era uma pessoa diferente. Ciumenta, possessiva, agressiva, impaciente e dona da razão. Demorou muito tempo e muitas sessões de terapia pra eu ver e admitir tudo isso. Que tudo que passei foi, em grande parte, também por minha culpa. Todas as dores de estômago, pele saindo dos mais diversos lugares do corpo, dores no peito e ataques de ansiedade tudo por querer controlar até os pensamentos de outras pessoas quando não conseguia controlar nem os meus.
Há dois anos e meio não me relaciono com ninguém por mais de quatro meses, raramente me envolvo emocionalmente e faço a desligada que não se importa porque eu tenho um medo muito grande. Um medo de mim mesma. Medo de reencontrar aquela louca que estragava a própria vida por querer alguém enjaulado vivendo e respirando pela minha vida, quando só eu posso fazer isso. Demorei muito tempo pra admitir isso também. Por mais que eu faça laços sempre me podo e me livro de títulos com medo que se converta em nó. Há palavras que me pesam muito, dói carregá-las e até dizê-las. Não quero e não vou pagar pra ver, não por enquanto. Vou continuar fugindo enquanto puder, enquanto tiver forças de correr com todo esse peso.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Never again will there be another one that's as desirable as you

Fui pegar as antigas fotos no computador velho. Eu achei que estivesse preparada. Não consegui deletar nenhuma. A cada sorriso um golpe de ar me fechando a garganta. A nossa mania de tirar fotos foi um veneno, estou tomando agora. A cada expressão uma lembrança, só as boas. Das gargalhadas até ouvi o som. Aqueles malditos videos que gravei na praia. Caralho, como era lindo. Era. 

Aquele dia que estava com o olho inchado e quis tirar fotos pra distrair porque era meu aniversário e minha vó postiça havia falecido. Me trouxe flores de manhã e fez misto quente com mostarda. Na mesma semana tinha saído do trabalho pra me levar no hospital. Assim vendo só a cara bonita nem lembro que era relapso e egoísta a maior parte do tempo. Mas ai eu lembro que eu gostava mais da carcaça do que o que tinha dentro e fico mais conformada. Volto a respirar e a viver a minha vida só pra mim e mais ninguém.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

What the hell do you want?

Sente o cheiro do meu desapego e vem. Vem confundir e enganar, mesmo que sem intenção. Eu penso, por um instante, que vai voltar, mas não vai. É só o costume pela minha afeição exagerada, meu toque e palavras sem controle. Tudo que eu dedico ou dispenso pra estar a espera do nada. Como se já não me bastasse todo o resto da minha vida desregrada, veio ele, há duas semanas me trazer questionamentos que há tempos achei ter sanado. Não tem compaixão, não se importa. Me faz duvidar até dos sonhos que tenho durante o sono que deveria ser tranquilo. Eu tento acordar e torço para serem reais. Eu já disse que não quero mais isso? Eu quero que passe.

"...I wanna hear what you want

I remember december

And I wanna hear what you have to say about me

Hear if you're gonna live without me

I wanna hear what you want

What the hell do you want?"


domingo, 25 de outubro de 2015

Minha memória sempre foi uma benção e uma maldição, nunca esquecia dos detalhes bons ou ruins. Todas alegrias superadas pelos rancores. Acho que acabou o meu espaço de memória. Nos últimos meses desenvolvi a tendência de esquecer as coisas que faço de madrugada ou as confundir com sonhos. Isso se agrava quando bebo. Acordo com a sensação de uma neblina, como nos flashbacks dos filmes. Tudo é uma dúvida, foi de verdade ou não? Devia ter ficado dormindo, não devia ter bebido aquela última cerveja, devia sair mais de dia, escrever mais de dia, de madrugada eu escrevo mais porcaria que o normal.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Desabafo do etílico

Dois anos de bad em estado líquido. Dois anos de auto estima baixa por não aceitar, as vezes, que não deu certo porque não era o certo e não porque não sou boa o suficiente. Era mais fácil quando eu achava que ele não se interessava por ninguém e não que prefere uma mulher pouco atraente com dois filhos e uma auto estima pior que a minha. Eu me sinto péssima por pensar tudo isso e pior ainda por me pôr nesse lugar que não é meu.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Sonhei que decidi por uma última tentativa. Tentava beija-lo e pra minha surpresa ele aceitava. Era tudo estranho, a conexão havia se extinguido e numa tentativa de retomar o passado ficávamos juntos. Eu, mais uma vez, aceitava o que sabia que não daria certo pra não invalidar minhas horas, dias, meses, anos de angústia, mesmo sabendo que seria só o início de muitas mais. Acordei me perguntando se era real e me dei conta, era só meu inconsciente me avisando na hora certa de que eu sempre cometo os mesmos erros. Está na hora de aprender com eles e me poupar em uma próxima.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Meus trânsitos astrológicos, o tarot e até o iching disseram que devo desistir de pessoas que não me servem mais. Minha família, meus amigos e até ele disseram implicitamente. Eu já me disse isso milhares de vezes. Não adianta. O maldito apego ao passado não me deixa seguir. Passa logo, passa. Passa pra eu passar.

Wash



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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Quando eu era criança eu vivia perguntando pro meu pai:
- Posso gritar?
E quando minha mãe não estava por perto ele dizia:
- Vai lá na janela e GRITA (com a cara de arteiro que quem conhece seu Geraldo sabe)
Eu chegava na janela grande de vidro que pegava a parede da frente da sala inteira e gritava a plenos pulmões.
Quando a gente ia pro sítio onde a família morava ele falava:
- Vai andar por aí e gritar se quiser, porque a gente já vai embora.


E eu ia porque sabia que não ia poder extravasar com a frequência que gostaria quando chegasse em casa. Era uma alegria que até hoje não sabia explicar.


Há uma semana esse velho teimoso que sempre me ensinou a fazer arte escondida da minha mãe vem me deixando preocupada e ontem ele murchou. Nunca vi meu pai daquele jeito e nunca senti tanto medo. Medo de perder o homem mais importante da minha vida.

Hoje a tarde, quando recebi a notícia de que descobriram o que ele tinha, já tinha sido operado e estava bem, senti a mesma vontade de gritar, senti a mesma alegria e entendi. Essa alegria não era de poder gritar na janela e sim de ter um pai tão maravilhoso quanto o meu que sempre me deixou livre pra fazer minhas próprias escolhas sem me julgar e querendo apenas que eu fosse feliz.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

P e B

Não quero mais o antigo, o que me tirou a cor, chega de filme repetido. Quero filme novo, cores novas. P, preto, nó. B, branco, laço. Já disse que tudo na minha vida é extremo, quero meio. Novas cores...sem nó, um novo laço, menos frágil. Já disse, quero filme novo. Minha sina com cinema deve ter algum propósito: trouxe filme novo? 



sábado, 5 de setembro de 2015

"Someway, baby, it's part of me, apart from me."

Toda vez que o vejo é a mesma coisa: me sinto uma adolescente incompreendida. Primeiro a felicidade de vê-lo de novo, conversar, falar qualquer coisa sem sentido. Depois me sinto sufocada: "Por que isso nunca passa?", já cansei de me fazer essa pergunta. Amanhã faz dois anos desde que me roubou o primeiro beijo. Não quero mais o impossível, lágrimas pelo que não vai mais voltar. Essa sensação de impotência me mata aos poucos e eu só queria vê-lo sem querer sumir depois. Conheci a pessoa mais incrível do mundo, mas que, definitivamente, não é pra mim.

sábado, 22 de agosto de 2015

Eu passo dias sem falar, peço pra ninguém falar de você pra um mim. Dou todos meus carinhos e atenção pra alguém que tenha mais a ver comigo do que você e acho que tá tudo bem, que passei pra outra. Te vejo e sorrio como boba de todas suas novidades, faço piadas com você e dou a minha risada descontrolada, que seguro com a maioria das pessoas. Me sinto uma idiota. Aí eu bebo pra passar e fico pensando ainda mais: por que você nunca passa? Já passou da hora de você passar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Há mais de um ano e meio atualizo o blog, um texto, uma vírgula, o que seja... e lá vem o Macintosh, acessando do Chrome TODAS AS VEZES. T O D A S.

Dá um oizinho nos comentários, dá?! (:




22/08 Um oizinho só?

09/09 Não?
Três num dia? :o

10/09 três dias seguidos
Cê tá foda...

03/10
 --'

13/10
:/

16/0
...

domingo, 9 de agosto de 2015

Voltei a sangrar, literalmente, por não digerir as situações, por não conseguir falar. Todas as tentativas de sair de casa me trouxeram dor e febre. Me tranquei por um mês. Continuo sem vontade de conversar ou ver a maioria das pessoas, mas decidi colocar a minha vida pra andar. Por mim. Por não aguentar mais meu corpo reagindo da mesma forma previsível a tudo que não aceito e não posso mudar. Por não conseguir ler, me concentrar e, até desenhar, tem sido uma tarefa impossível pra mim. Quero derrubar as barreiras. Matar coisas tão vivas como o um orgulho enorme, a impaciência, irritabilidade e a síndrome de rejeição. Encontrar o equilíbrio entre a doação total e o completo egoísmo, sem me anular ou anular ninguém. O equilíbrio sempre foi tarefa difícil pra mim. Sempre tudo ou nada. Sem meias palavras e meios sentimentos. De um extremo a outro, quebrando a cara, cabeça e, com direito a drama, o coração. Aqui ou ali. No início ou no fim. O meio nunca foi meu forte.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Li umas conversas de um tempo atrás e são tantas coisas. Durante a leitura ri das brincadeiras idiotas, chorei de emoção, de tristeza e tinha também uma palavra que sempre usávamos e existia só pra nós. Havia me esquecido. Tinha uma maneira tão peculiar de vir me chamar pra conversar, só pra falar de coisas bobas do dia ou pra saber se estava bem. Até depois de terminar comigo, éramos tão amigos...ou eu achava que éramos. Hoje mal nos falamos, agora sei que foi porque fiz questão de esquecer. Em uma das conversas me contou que estava se sentindo bobo porque leu coisas antigas e percebeu só naquela hora que uma amiga tinha outros interesses. E fez isso de novo, dessa vez comigo, mas por mim tudo bem. Passou. Acho que passou. Já faz um ano desde que eu desisti. Foi naquela semana que ele fez 7x1 em mim. Só não posso me lembrar de como era ou vê-lo mais de uma vez em uma semana e vai ficar tudo bem.

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Ps: Só tô escrevendo esse texto bobo pra me lembrar de não ler mais históricos de pessoas que gosto muito, mas não me lembro porque as coisas mudaram.

domingo, 21 de junho de 2015

Nós nunca daríamos certo, bonito, mas eu tenho pensado em você todos os dias. Lembro das raras e deliciosas vezes que se soltou comigo, das nossas conversas intermináveis e do silêncio reconfortante que vinha, as vezes, acompanhado de um longo e aconchegante abraço. Te quero porque não posso ter. Eu me saboto, venho me sabotando. Se pode dar certo eu não quero, não serve. Desisto.
Você nunca ficaria e eu sempre soube, desde aquele dia que me beijou sem que eu esperasse. Me agarrei com todas as forças pra anular qualquer possibilidade de alguém que tivesse alguma chance e tirasse esse lugar intocável que eu te dei e que fizesse o que fizeram comigo antes de você chegar. Chamei todos como te chamava, bonito, não por mal, eu sou assim, cheia de repetições impulsivas e pouco reflexiva pra sentimentalismos alheios. Fiz com eles tudo que gostaria de ter feito com você, não por mal, mas diferente de você respeito minhas vontades e não tenho medo dos erros.
Nesses dias que você está distante há alguns meses, e na iminência da sua partida, eu venho pensando que todas as chances acabaram de vez. Não a chance de sermos algo, está claro que ela nunca existiu, mas a chance de saciar as nossas vontades, ou a minha vontade egoísta de te sentir sem medos, sem pressão e sem nossos fantasmas. E de novo, eu não quero que você seja meu, eu só quero você comigo como nunca quis alguém. Só queria não ficar mais chateada por você ou por mim, ou talvez por um nós que não existe e nunca existirá.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Sonho pra por na realidade

Dois anos depois e eu sonhei com o nó. Sonhei como se eu ainda estivesse doente dele. De nós. Implorava a atenção de alguém que não tinha forças nem pra amar a si mesmo. Apático na cama o nó mal me respondia. Eu o abraçava pra ele se sentir melhor, como sempre fiz (primeiro ele e depois eu). Dormia com ele e acordava na minha cama, vezes seguidas, um sonho dentro do outro.

Só agora me dei conta do porquê estou pesarosa nos últimos dias. O choro que vem do nada, o aperto no peito me sufocando e que faz questionar: o que deixei passar pra me sentir assim?

Há dois anos senti esses sintomas multiplicados muitas vezes, me tiraram a fome, a saúde e a vontade da vida.

O que eu deixei passar? Talvez o luto pelo fim do meu ciclo,  nesses dois anos muita coisa ruim em mim morreu e muitas boas nasceram. E tudo isso foi doído. Somatizou e doeu nos meus ouvidos quando me recusei a ouvir. Na minha garganta quando eu não quis ou não consegui falar. No peito quando sufoquei com tudo guardado. No meu estômago quando não consegui digerir o que aconteceu. Na minha pele quando só o que eu queria era não ser eu.

Parece clichê, mas com a dor aprendi a usar a energia do universo a meu favor.

Ainda não sei domar, mas fujo da posse e de tudo que me prende e entristece. Aprendi que nasci pra ser livre, as vezes sozinha, pra ver tudo que sempre tive medo de ver de perto: o meu eu de verdade.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Última carta - dessa vez de verdade

Oi. Você deve achar estranho esse texto, que ainda não sei se será grande (acho que vai), mas venho refletido sobre muitas coisas nesses vários meses de terapia (rs) e me devo esse texto pra você.
Pode ler sem medo, vim pontuar meus erros e não o contrário como sempre fiz. Com o tempo descobri que muitas das coisas que você dizia sobre mim eram verdade.
Vamos do começo: quando terminamos eu já estava muito doente. A depressão já tinha afastado tudo que eu tinha de bom. Por alguma razão o seu jeito de ser trouxe a tona muitas coisas sobre mim que eu não gostaria de saber, mas que hoje vejo que foram necessárias para que isso não se repita nos meus relacionamentos.
Logo que terminamos fiquei com pneumonia e dai em menos de um mês foi uma coisa atrás da outra até uma suspeita de câncer. Nunca tive tanta dor e tomei tantos remédios. Te culpei por tudo o que aconteceu,  por cada uma das minhas dores físicas e psicológicas. Pra mim você estava virando as costas pra alguém que sempre te ajudou e desistiu de terminar todas as vezes que você chorou. Não conseguia ouvir seu nome sem passar mal. Foi um período terrível. Foi tudo culpa sua? Não,  não foi tudo culpa sua. Hoje já dá pra ver.
E por tudo isso que passei e pelo meu processo de auto conhecimento venho dizer que você estava certo quando dizia:

- Que eu só fazia as coisas por você pra ter o que jogar na sua cara quando você não usasse a sua linda bola de cristal para adivinhar algo que poderia fazer por mim. É muito feio, só hoje admito.
- Que eu era sua dona e não sua namorada. Descobri esse traço na minha personalidade: a possessividade. A má notícia é que só com você foi tão drástico.
- Que eu não te amava. Foi triste pra mim perceber, era só posse. Sofri tanto por algo que sempre critiquei em você: o egoísmo.
- Que não importava o que você fizesse nunca seria o suficiente. Pura verdade, queria você trancado,  isolado do convívio social vivendo 24 hrs só pra mim.
- Que nosso relacionamento estava ficando doentio.

Com muita ajuda dos meus amigos, família e da minha psicologa estou bem e comecei a ter a necessidade de te dizer que eu não te odeio mais e que reconheço que tive o mesmo peso em tudo que aconteceu. Me dei conta do quanto fui abusiva. Eu não sabia o quanto estava errada e não tinha noção de que podia fazer mal pra alguém e tanto mal pra mim mesma. Não é saudável ditar regras e podar os outros.
Espero que tudo que fiz não tenha causado danos emocionais pra você e que você tenha começado a se cuidar e tratar de tudo que me contava e que veio antes de mim.
Depois de deixar o orgulho de lado pra te dizer tudo isso só me resta pedir desculpa.
Boa sorte. Seja feliz.

Ps: devo ter feito algo que gerou desconforto porque escrevi e fui mandar e tudo indica que fui bloqueada no facebook e whatsapp. Não sei o que foi, mas segue por aqui. Espero que leia.

domingo, 8 de março de 2015

A sensação de abandono nunca me deixou. É um falso paradoxo, uma agonia, um ânsia que eu sempre trouxe e nunca entendi. Sinto o abandono a cada dia de silêncio. A cada transa com estranhos e cada falta delas com pessoas que estão comigo. O sinto na falta de vontade de conversar e me expor com as pessoas que amo. A cada sessão terapia que falto pra não chorar. A cada choro sentido e incontrolável por gotas d'água. A cada explosão com razão ou sem. Sinto o abandono ao me cansar de me relacionar com as pessoas, por não saber lidar com idéias diferentes. Cansei de bater de frente, de discutir e escutar tanta bosta de gente que vive na limitação da religião, do egoísmo e preconceito. Tenho preferido me isolar a viver na companhia de gente que não me acrescenta, só suga. Sinto o abandono nas expectativas quebradas. A cada convite recusado e a cada convite não feito. A cada abraço não dado e a cada lembrança esquecida. O sinto e sinto muito por me colocar nesse lugar onde não me alcanço e não deixo me alcançarem. Sinto por não conseguir sair e ainda mais, por não querer sair.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Não era a última carta. Eu menti

Tenho refletido desde o início do ano. Consigo ver e aceitar que não fui vítima o tempo todo. Isso não existe.
Por vezes não fui uma boa pessoa durante aquele ano. Minhas atitudes foram duras e minhas palavras foram mais ainda. Depois que o vi passei a temer que as coisas que fiz tenham deixado marcas e lembranças dolorosas, como as que fez em mim. Senti vontade de pedir desculpas. Engraçado,  porque há quase um ano, no fundo, eu esperava que você o fizesse. Hoje não faço questão. Já não me dói mais. É um alívio poder dizer isso.
Hoje vejo que você tinha razão em muitas coisas que não aceitei na época. Isso me fez muito mal, também.
Você não é uma pessoa má. Eu não sou uma pessoa má, mas você despertou o melhor e o pior em mim.  O melhor eu já conhecia, o pior não.  O pior me entoxicou.  Nos entoxicou. Mas, achei que só eu precisasse de reabilitação. Nunca pensei se você tinha essa necessidade,  porque você optou por ter alguém e geralmente assim fica mais leve.  Eu fiz isso sozinha e foi muito mais difícil, mas consegui e vai ser pra sempre.
Eu não sei se tudo que fiz ainda te faz mal e nunca vou saber. Espero que não faça. Acredito que não seremos amigos como você queria no fim. Prometi que seríamos com o tempo, eu estava errada. Você disse que não era uma despedida pra sempre,  você também estava errado.
Se, um dia, eu tiver a oportunidade de pedir desculpa o farei. Se não,  acho que consigo viver com isso. Espero que também consiga.