sexta-feira, 28 de março de 2014

Tempos depressivos

"O cacto do amor, virou o cacto do desgosto. O 'stencil do orgulho' está coberto pelos vários raios x que tirei nas últimas semanas. Não consigo olhar pra ele.
Joguei sua escova de dentes fora e escondi tudo que é seu pra devolver quando me recuperar. Lembrar de você dói mais que todas as doenças que tenho tido. Apesar de tudo, estou me cuidando, tenho que me cuidar. Andam dizendo por ai que tem gente que vai sentir minha falta, que não posso desistir..."

Texto de julho. Que fase! Estive pensando e acho que você me deu o cacto porque achava que eu fosse como ele, precisasse de água só as vezes, que eu fosse forte e não precisasse de nada já que sempre doei tudo. Você só fez o stencil porque cobrei muito (queria te incentivar) e a culpa por esse incomodo é toda minha.

Mais uma carta mal escrita e não enviada

Maldito nó,

Ontem vi um filme e chorei, estava sensível e era um dia importante pra você e eu não participei, me caiu a ficha que nunca mais vou ser parte disso. E então me doeu tudo que fiz e tudo que não recebi. Acho que como na carta do filme, eu tenho esperado um pedido de desculpas pra me libertar do seu fantasma.
Espero desculpas por cada impulso egoísta e imaturo seu. Por cada vez que abafou os meus problemas com os seus. Por se esquecer de tudo que era importante pra mim. Por sufocar o meu espaço com tudo que era seu, mas não dar oportunidade pra entrar no seu quando não lhe convinha. Por me deixar doente, por me abandonar doente. A sua frase ainda ecoa na minha cabeça vezes e vezes seguidas: "Você não quer terminar porque está precisando de mim, mas eu não preciso mais de você". Dói, dói o meu engano, o meu tempo perdido. Tudo que eu fui sendo morto por você. A minha anulação pra fazer o garoto mimado, introvertido, sem amigos e cheio de traumas de infância se sentir melhor ou pior quando eu estava com raiva. Nunca ninguém me fez sentir tantas crises de ódio.
Hoje, depois de mais de quatro meses sem ficar doente, fui para um hospital. Esses dias não estão sendo fáceis. Acho que veio tudo a tona com um sonho que tive. Eu dava luz a uma filha sua, fui te contar e encontrei você como sempre se mostrava pra mim: confuso e sozinho, dentro de uma casa toda bagunçada como a gente estava. Acordei e fiz as contas, naquele dia fazia nove meses desde o fim definitivo. Me lembrei do alivio que senti quando demos um tempo, eu estava livre de um sentimento opressor,  que me fazia mal em tantos aspectos...mas me lembrei também do vazio desesperador que veio com o ele. Eu tinha a ilusão que pudesse me ajudar como eu te ajudei. Como pode alguém que diz amar ser tão frio? Seu amor era mentira, como muito do que diz. Hoje, a raiva é a única coisa que sinto por você. Eu já disse que gostaria de esquecer que você existiu? Pois é...acho que sim. Você não tem noção do mal que me causou porque sentimentos alheios não te abalam, você esquece tudo facilmente, só guardou seus traumas e foi jogando todos em mim aos poucos, um a um.
Sei que as desculpas nunca chegarão e,  apesar da raiva e de isso tudo parecer muito confuso, sinto um grande alívio por ter minha vida de volta sem você, sem suas coisas, seu espaço e tudo que é SEU. Só seu.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Pensei comigo mesma:
"Vamos racionar. Vamos lá, calma...pensa" enquanto uma lágrima escorria pelas minhas buchechas grandes e infantis. Tentava esconder meu rosto, o abraçava forte para que ele não visse.
Ele é muito parecido. Tem o mesmo olhar, as mesmas bochechas, a barba que eu adoro, olhos pequenos "quase de girassol", um sorriso muito parecido, o mesmo jeito de me aconchegar no peito e de me chamar de lindinha. O mesmo bom dia e o mesmo carinho nas costas. Não é possível, assim de perto parece igual, as vezes até me confundo. "Como pode tantos traços parecidos? Será um sonho? Não pode ser"... e não é.
Registrei em várias fotos a semelhança e então descobri novos ângulos que, para meu alívio, são menos parecidos. Ao percebê-los vi também que as atitudes não são nada parecidas. Ele não é nada egoísta, é muito solicito, atencioso e raramente esquece das coisas.  É parecido sim, mas só nas coisas boas. Não preciso entristecer e nem temer, não são a mesma pessoa. Não vai me fazer o mesmo mal, não vou adoecer, já aprendi a me cuidar. Também tem seus defeitos e sei que um dia também poderá me machucar, mas será de outras formas e não tenho que me armar.
Ao me dar conta disso sequei as lágrimas e já sinto falta, não do que ele parece ser, mas do que ele é.