sexta-feira, 28 de março de 2014

Mais uma carta mal escrita e não enviada

Maldito nó,

Ontem vi um filme e chorei, estava sensível e era um dia importante pra você e eu não participei, me caiu a ficha que nunca mais vou ser parte disso. E então me doeu tudo que fiz e tudo que não recebi. Acho que como na carta do filme, eu tenho esperado um pedido de desculpas pra me libertar do seu fantasma.
Espero desculpas por cada impulso egoísta e imaturo seu. Por cada vez que abafou os meus problemas com os seus. Por se esquecer de tudo que era importante pra mim. Por sufocar o meu espaço com tudo que era seu, mas não dar oportunidade pra entrar no seu quando não lhe convinha. Por me deixar doente, por me abandonar doente. A sua frase ainda ecoa na minha cabeça vezes e vezes seguidas: "Você não quer terminar porque está precisando de mim, mas eu não preciso mais de você". Dói, dói o meu engano, o meu tempo perdido. Tudo que eu fui sendo morto por você. A minha anulação pra fazer o garoto mimado, introvertido, sem amigos e cheio de traumas de infância se sentir melhor ou pior quando eu estava com raiva. Nunca ninguém me fez sentir tantas crises de ódio.
Hoje, depois de mais de quatro meses sem ficar doente, fui para um hospital. Esses dias não estão sendo fáceis. Acho que veio tudo a tona com um sonho que tive. Eu dava luz a uma filha sua, fui te contar e encontrei você como sempre se mostrava pra mim: confuso e sozinho, dentro de uma casa toda bagunçada como a gente estava. Acordei e fiz as contas, naquele dia fazia nove meses desde o fim definitivo. Me lembrei do alivio que senti quando demos um tempo, eu estava livre de um sentimento opressor,  que me fazia mal em tantos aspectos...mas me lembrei também do vazio desesperador que veio com o ele. Eu tinha a ilusão que pudesse me ajudar como eu te ajudei. Como pode alguém que diz amar ser tão frio? Seu amor era mentira, como muito do que diz. Hoje, a raiva é a única coisa que sinto por você. Eu já disse que gostaria de esquecer que você existiu? Pois é...acho que sim. Você não tem noção do mal que me causou porque sentimentos alheios não te abalam, você esquece tudo facilmente, só guardou seus traumas e foi jogando todos em mim aos poucos, um a um.
Sei que as desculpas nunca chegarão e,  apesar da raiva e de isso tudo parecer muito confuso, sinto um grande alívio por ter minha vida de volta sem você, sem suas coisas, seu espaço e tudo que é SEU. Só seu.

2 comentários:

  1. Buba, senti daqui o seu grito. E me emocionei. Se te consola, lhe ofereço a companhia de um coração também ambíguo, cansado, machucado mas, ainda, vivo. Como o seu, o meu, e de uma legião de pessoas que amam (e odeiam) por aí.

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    1. Obrigada, Ma. Também me emocionei com seu comentário!
      Me senti consolada, de verdade. Beijo

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