sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

P.

Já acordo com saudade do som da risada, da beleza do sorriso e dos lindos olhos de girassol. Me olham com tanta ternura, sempre fico constrangida.

Me faz ter vontade de fazer as coisas que nunca gostei e até de não fazer nada, a não ser sentir a presença,o cheiro e ouvir a respiração.

A voz rouca ao pé do ouvido e a barba que arranha o pescoço trazem um leve e agradável arrepio na espinha. As mãos são grandes, firmes e, em pouco tempo, já sabem exatamente a intensidade que devem usar em cada parte do meu corpo. Há sincronicidade e a impressão de que estamos juntos há tempos.

Abri mão da promessa. Abri as portas. Não há arrependimento, tomei a decisão certa.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tenho a péssima mania de não fazer o que quero com medo de sufocar as pessoas e de sufocar quando não tenho medo.



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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nostalgia

Hoje acordei com cheiro de férias de verão. Sai na rua e vi o sol e o asfalto molhado e comecei a recordar do porquê. Lembrei-me dos sábados que eu e minha irmã acordavamos com minha mãe lavando o quintal e saíamos de biquini para que brincassemos de ser o alvo da mamãe. Ao ver nossa diversão a Dona Esmeralda, que sempre gostou muito de nós, resolvia lavar o quintal também. Isso fazia do nosso sábado um dia perfeito.
Recordei das vezes que minha mãe sentava na minha cama e me acordava com a pergunta: "Vamos pra praia?" e ria com os saltos que eu dava da cama. Ela sempre se divertia fazendo coisas assim comigo, pois eu sempre demonstrei muito mais minhas emoções do que minha irmã. Até hoje é assim. Acho que ai o cheiro vem do pós praia, quando minha mãe jogava água doce em mim. Nunca gostei de areia e nem do sal do mar.
Lembrei também das tardes no club com os amigos da rua. Das viagens pra praia com os tios e primos, enfim, de todos momentos que envolvem verão e esse cheiro de água evaporando do asfalto quente.
Por mais que hoje em dia não goste de verão, nem de praia e muito menos de expor meu corpo num biquini, senti muita saudade dessa época. Dos momentos e das pessoas com que os compartilhava. Alguns já se foram, outros apenas se afastaram, mas hoje estavam todos muito presentes nas minhas recordações.




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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Uma sensação ruim que não passa nem com pedidos de desculpas. Juro que tentei começar a não guardar mágoas, mas não é tão fácil assim.

25-07-2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

Falta do olhar

Há algum tempo aprendi a reconhecer olhares interessados. Não faz muito, já que não me dedicava a essa percepção, na verdade não achava possível atrair atenções. O engraçado é você que me faz até falta, mas que quando vejo não consigo olhar diretamente nos olhos e não é por falta de tentar. Você pede para que eu pare de te olhar "desse jeito", mas não há como. Como pode eu não conseguir ver nada nos olhos de alguém que me trata com tanto carinho?



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domingo, 17 de julho de 2011

Compreensão

Não tenho mais vontade de escrever. Essa vontade só aparece quando estou incomodada. Quanto mais entristecida maior a frequência de textos publicados.
Me assustei ao ver que faz mais de um mês que não escrevo nada triste. É a primeira vez em anos que me sinto verdadeiramente em paz e isso me fez me sentir ainda melhor.
Muita coisa foi a toa. Muito poderia ter sido evitado se quando acontecesse eu tivesse tomado a decisão certa: não me abalar. Afinal, há fatos que realmente trazem sensações ruins, mas muitos outros simplesmente não mereciam tanta atenção.
Essa mudança se deve a uma porção de conversas que me colocaram pra pensar e ver que o modo como vinha vivendo não valia a pena. Tomar posse de coisas ruins só atrai mais coisas ruins, acho que pela última vez me disseram isso e eu finalmente compreendi.


14/07/2011
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sexta-feira, 24 de junho de 2011

[des]presa

Bem como há tempos não ficava. Talvez tenha aprendido a lidar com o gênio confuso ou seja só mais uma trégua, mas não quero pensar o que é ou deixa de ser. Conversas francas me colocaram pra pensar sobre minha vida em diversos aspectos, não cheguei a nenhuma conclusão, mas a partir de então passei a me sentir muito melhor. Algumas pessoas me prendiam sem saber, e finalmente, eu consegui ir embora, por enquanto só pra algumas. Mas espero que em breve para todas.



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terça-feira, 14 de junho de 2011

SWEET

Tinha mania de dar nome pras coisas, até perceber que algumas delas não eram de fato minhas. Não uso mais pronomes possessivos, pelo menos não para pessoas. Guardava com cada cheiro uma lembrança, até descobrir que alguns deles são substituíveis. Perdi essas e outras manias quase sem perceber. Só me dei conta quando perguntaram o que ele era e não sabia responder. Quando o cheiro dele já abafava os demais. É estranho como o que mais queremos não acontece e o que está há tempos conosco de uma hora pra outra passa a ser notado e muda tudo sem a menor pretensão de dar certo.




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domingo, 5 de junho de 2011

Todos

É você que só se lembra de algo pela sua importância (ou seja, não o sou, já que sempre me esquece). É o poço de mágoas, inseguranças e medo que não é capaz de ter uma conversa realmente franca (a mesma decepção). É o que acha que vivemos algo realmente intenso e que não devemos abandonar tudo o que houve de bom (pra ele) pelo pouco que houve de ruim (muitas crises de um relacionamento inexistente). E é também o que aceita uma relação casual e tenta brincar de jogo do ciúme.
É você que não saía da cabeça, o outro que não me sai do coração, o que não sai do meu pé e o outro que eu não saio do pescoço e não me sai da pele. Justo eu que não queria mais ninguém, a mercê de gente que acha que eu não quero nada ou que eu quero tudo.
São vocês as facas que eu dei, dou e darei muitos socos mais. São feridas diferentes; umas cicatrizaram sem marcas, outras cicatrizaram deixando uma lembrança ou cicatrizarão um dia, não importa, pelo menos não pra nenhum de vocês.





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sábado, 4 de junho de 2011

Fica difícil de esquecer quando as mesmas pessoas comentem sempre os mesmos erros. Fica engraçado elas voltando depois de darem um tempo de alguns dias achando que vai ser tudo normal. Fica cansativa essa rotina de dar murro em ponta de faca. Ficam parecendo todas iguais. Fica mais fácil abandonar pelo caminho as que machucam constantemente.




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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Rastejante

A indiferença é inquietante. Ser alheio a sentimentos só afasta as pessoas. Vocês são assim comigo e eu sou assim com eles, assim permanecemos enamorados de nossa solidão ao invés de arriscar, mesmo que seja o casual, com algo menos frio. Acabamos por nos acostumar a esse ciclo patético onde os interesses quase nunca coincidem e 'nos viramos com o que dá'. Se contentar com o pouco que não almejamos é extremamente medíocre, mas algumas vezes não há saída, não há mais o que fazer a não ser assistirmos com pesar tudo que queríamos ir embora lentamente.




"Não fique ai remando contra a maré. Se não for pra ser, não vai ser."
Caio Fernando Abreu


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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Manso

Aos poucos me encheu de esperança. No peito aquela sensação gostosa de que o que se queria pode vir acontecer. Mas e a promessa de acabar com as expectativas, onde fica? A realidade é que não sei lidar. Um pulsar mais forte e a camada fina de gelo derrete, amanhã ou depois ela volta, é a típica camada de proteção, meu pericárdio de gelo, ou pelo menos achei que fosse.

É assim, os sorrisos que me cativam sempre voltam pra me fazer quebrar a cara.

"sou um retrato que a tua mão revelou
cópia barata do que eu acho que eu sou
e sim, amor, eu sei que eu não devia
querer demais o que eu nem sei o que é..."




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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Dosagem

Dosar é preciso, principalmente se o ego diz que não se deve passar por cima do orgulho, muitas vezes ele está certo. Já as altas doses de álcool limitam a percepção ao dosar o bom senso. Há coisas que não deveriam ser ditas, se fossem guardadas pra sempre, os esquecimentos seriam menos, menos...menos nada, no fundo se sabe que nunca muda, mas alguns despertam algo que faz acreditar por um instante que pode ser verdade, mas não há jeito. Na verdade quem tem que mudar sou eu, afinal, "só fazem com a gente o que deixamos fazer".




10/05/2011
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Desisto

Quando não se quer se tem e vice-versa. Então, o segredo é não correr atrás do que se quer? Engraçado, sempre me ensinaram o contrário. Se ao menos eu conseguisse agir com a razão de vez enquando com algumas pessoas seria muito bom.



04/05/2011
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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Fodão-se

Foda-se a dúvida, o medo e a angustia. Foda-se a impulsividade pro desnecessário e a falta de coragem pro que é importante. Fodão-se as mentiras, os sinais, os carinhos gratuitos e tudo que envolva pessoas. Fodão-se os homônimos e a tensão pré-mentrual. Voltem só semana que vem, quanto aos últimos não precisam mais voltar.



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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Retornar é preciso [?]

A gente foge, foge até que voltamos ao mesmo lugar, com as mesmas pessoas, vivendo as mesmas situações. Talvez com algum tipo de regalia, com consciência do mérito, mas com medo de seguir, porque no fundo sabe-se que não importa o caminho, alguns destinos não mudam. Não vou fugir e nem correr atrás, sou a passiva agora, não importa o quanto digam que isso é errado, é minha armadura, minha proteção.

A aparência muda, algumas atitudes também, mas no fundo sabe-se que no final será a mesma decepção de seis meses atrás, mas não importa, já reconheci minha sina.

Remocei a contar a partir do momento que passou a me ouvir, 301...



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terça-feira, 19 de abril de 2011

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Não consigo mais comunicar, não é tão fácil como antes cuspir a dor. Ficou mais resistente, mais insistente, quer aceitação, mas não, não aceito, não vou aceitar. Fica aqui como minha companheira secreta, não vou mostrá-la e nem dizer o motivo de sua companhia, na verdade só ela mesma sabe, dor maldita!
As vezes traz consigo seus amigos, a tal da agonia, e as vezes, o tal do desespero (me desculpe sra.dor, mas não gosto nada deles, com você vou acabar acostumando, já que não existem negociações entre nós). Pelo menos é delicada o suficiente para se retirar quando tenho a presença de amigos queridos, mas é só se ausentarem que ela volta, não me deixa sozinha. Ela quer me mostrar algo que talvez esteja debaixo do meu nariz, mas que não consigo respirar, quem sabe com o tempo ela me ensine? Por enquanto vamos convivendo desarmoniosamente.



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terça-feira, 5 de abril de 2011

Falso amor

O último desabafo foi cuspido, haviam muito mais mágoas guardadas do que o esperado. Havia também raiva, sentimento inesperado, nunca fora pensando que quem um dia dizia amar agora sentia-se incomodado por ver a felicidade na vida do "ex-amor". Tudo leva a crer que esse amor de verdade que só se houve falar, nunca existiu, pois não deveria acabar ou guardar outros sentimentos tão ruins.



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ex fiel companheiro

Tem seu lugar cativo debaixo da escada, escada cujos degraus nunca ousou pisar. Lá em cima, lá no topo da escada, tem todas as coisas que não julga ser merecedor, quando na verdade é. Todas aquelas coisas lá em cima são suas.
Por vezes peguei-o pela mão e tentei, com a minha pouca experiência em auto-estima saudável, subir degrau a degrau, mas nunca funcionou, se sente a vontade embaixo daquela escada. Não é culpa de ninguém. Tá, talvez seja, mas desisti de entender há algum tempo.

Aprendi a não buscar tantos porquês, muitas vezes as respostas que encontro estão erradas, não posso me convencer de tudo que acho. Achismos, dúvidas e tormentos cujos causadores não se preocupam em esclarecer não me interessam mais, não por enquanto, estou ocupada demais tentando me entender. Aprendi que sou mais importante, mais importante do que as dúvidas plantadas e coisas mal resolvidas, enfim aparece alguma auto-estima. Tudo se resolve no tempo certo, não quero mais o martírio como companheiro.


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segunda-feira, 28 de março de 2011

Ciclo

Cansada de querer entender tudo e entender, ou achar que entendo, e logo em seguida perceber que entendi tudo errado. Cansada de sentir saudade de tanta coisa, de gente que mesmo de perto faz falta e da ausência dos amigos que se mudaram pra longe. Cansada da confusão, da mistura de tantos sentimentos, das discussões e de tudo que nelas admite-se ou não. Cansada dos desistentes e principalmente dos insistentes. Cansada da vulnerabilidade que se encostou aqui este ano e da persistência com os casos perdidos. Cansada do aperto no peito e do nó na garganta. Cansada da dependência de alguns abraços queridos, alguns ombros amigos e do silêncio confortante. Cansada principalmente de viver cansada.




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domingo, 20 de março de 2011

Sorriso preferido

Mesmo com a cabeça cheia, não falta espaço pra que apareça nos pensamentos. Sinto falta da boca, da pinta e do cheiro. Sem falar na pele e do abraço quentinho. Tudo isso é muito estranho. Só não posso falar que sinto falta do sorriso, porque ele lê isso e vai saber que falo dele.


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quinta-feira, 10 de março de 2011

Amores platônicos

A sua nova diversão é inventar amores. Pega a característica que lhe encanta e idealiza um ser que lhe agrada, dentro das limitações da realidade. Cria histórias que faz rir de tão patéticas.

Seu futuro marido, aquele, o das covinhas, o que troca poucas palavras, este é o príncipe da vez, já têm até futuros filhos com covinhas igualmente lindas. Afinal, que mal tem inventar amores platônicos? A gente só inventa o que não existe mesmo.

Gostaria que fosse assim também quando fosse a idealização e não a idealizadora. Invenção inocente, nada de achar que tudo que se imagina se torna realidade. Isso não faz nada bem.



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terça-feira, 8 de março de 2011

Indesejável

Antes de sair tentando liquidar carências por ai começava aprender a lidar com elas, aos poucos, as vezes conseguia, ou achava que conseguia. Exatamente nestes momentos de "quase confiança", os fantasmas, sombras e outros seres indesejáveis reaparecem para aterrorizar. Vieram com peso extra, arrastando por ai todos os males, deixando rastro visível do descontentamento de ainda não ter compreendido que eles sempre voltam. Não voltam para sanar a tal carência (ela apareceu justamente pela decisão de viver sem estes seres), voltam pelo prazer de incomodar.

Será condenada a viver com fantasmas o resto da vida? A solução seria: tentar ignorar? Tenta, mas nem sempre tem êxito. Alguns fantasmas são bastante insistentes, justamente os menos importantes, que se não fosse pela insistência, seriam facilmente esquecidos.



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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Late

Um dia você acorda e vê que sua vida não é como gostaria que fosse. Tudo parece perfeito, mas aparências são mentirosas em potencial. Você tenta acreditar nelas, mas a ficha cai e você toma decisões que vão mudar tudo.

E se nunca tivesse começado? E se tivesse acabado com isso da primeira vez que tive vontade? E se tivesse a auto-estima um pouco mais elevada, será tudo isso teria acontecido?

Um dia você percebe que já perdeu tempo demais e não há nada que possa fazer voltar e tomar decisões diferentes.

A vida passa, algumas decisões certas são tomadas, outras nem tanto, mas tudo segue e se resolve, no lugar surgem outros problemas, outras lamentações, daquelas que enchem o peito, pesam e depois sobem pela garganta, fazem doer, parece que vai arrebentar, até que não dá mais, arrebenta e transborda pelos olhos. Sensações que se repetem frequentemente e fazem pensar: "Isso é normal mesmo? Ou será que sempre faço tudo errado?".




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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Desconforto

Desde criança me mostrei uma pessoa muito instável e cheia de fixações. Orelhas muito limpas (não só as minhas). Sempre observava e tinha necessidade de tocar nos pés dos meus pais, mas me irritava muito quando minha irmã encostava os dela em mim. Ao ser irritada jogava para cima de quem me irritasse o que tinha nas mãos sem pensar se aquilo machucaria ou não. Durante a vida houveram mudanças, podei o que fazia mal a mim e as pessoas que eu amo. Sempre fui uma pessoa difícil, admito, já tentaram me mudar, mas não vão conseguir. A decisão tem que ser minha, sempre é assim.

As tentativas são as mais cansativas e desgastantes, vindas das pessoas que não tem o mínimo direito, aliás, ninguém tem o direito de tentar mudar ninguém. Ninguém deve mudar por ninguém, é nisso que acredito. As discussões são desnecessárias e com muitos argumentos que não têm validade pra mim, não levam a lugar nenhum a não ser ao desgaste. Se gosta respeite ou vá embora, não atormente.

Gostaria de saber quando foi que isso aconteceu e porque só atraio pessoas deste tipo, assim, tão mais fixadas do que eu na minha mudança. Achei que isso fosse mais difícil do que tem sido, talvez seja algum tipo de sina ou eu realmente seja totalmente diferente das outras pessoas. Isso não pode ser normal. Sinto-me num jogo onde o objetivo é me tirar de mim.

Surge tanta gente errada, não precisava ser a pessoa certa agora, se é que isso existe, mas poderiam ser pelo menos mais normais que não chateassem tanto. Sou clara, mas sutil, procuro evitar as chateações, mas ninguém coopera para o mesmo. Estou ficando farta disso e perdendo a minha sutileza, já que ela não adianta mais de nada.




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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cake

Fiz aquele bolo que você gostava pra comemorar um ano das nossas últimas lembranças, aquelas que faz questão de me lembrar todas as vezes que nos falamos. Mas quer saber? Não dói mais. Comi o bolo sem pesar e o dividi com quem sabe amar de verdade: família.



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Início e fim

Em um dia de tristeza entrei em uma igreja e ouvi a voz mais linda, era grave e rouca, eu tinha que achar seu dono e achei. Durante anos fui apaixonada por aquela voz que me trouxe momentos de felicidade pura e simples, reconheceria aquela voz até abafada em panos, mas um dia a alegria proporcionada acabou e não fazia mais questão de ouvi-la, há tempos não cantava pra mim.

No último Natal o telefone toca e a voz do outro lado me pergunta:
- Por que está triste?
E eu realmente não estava muito contente, várias lembranças me faziam refletir e além de tudo estava com uma tosse que me tirava o sono havia dias.
- Não, não estou triste, só um pouco doente. Quem é?
Então ele me disse seu nome, o que me causou grande surpresa. Como pude esquecer aquela voz?
Conversamos sobre nossos problemas de saúde, ele está bem pior do que eu, fiquei preocupada, ele foi sempre tão saudável, mas foi isso, me prometeu uma visita que eu sei que não será feita, tanto faz, não me faz bem e nem mal.

É incrível como coisas que julgamos necessárias para sempre se tornem tão dispensáveis. Nunca me imaginei sem aquela voz dizendo as mesmas frases que eu adorava ouvir e hoje não a reconheço mais e tenho horror quando alguém me chama de amor ou qualquer coisa do tipo.

Hoje um anônimo me enviou uma pergunta, perguntava o porquê do meu namoro que parecia tão perfeito e havia durado tanto tempo acabou assim de repente e hoje eu sei responder perfeitamente e sei que não foi tão súbito assim. Ele também sabe, sempre soube, fazia questão de perguntar: Por que você sempre tem tantas dúvidas e eu nunca tive nenhuma?
A resposta os dois sempre souberam, mas dizer doía um bocado, é melhor deixar subentendido.




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hole

Olhei diversas vezes pra dentro de mim em busca do que muitas vezes causou-me desconforto e no lugar encontrei um vazio. Tentei extingui-lo várias vezes, mas nada foi suficiente. Parece muito triste, mas só é incomodo.

Sendo o vazio o próprio desconforto e sabendo o que me falta, resta assumir que a culpa por sua existência é minha, só minha. O vazio deve ser preenchido por mim mesma,é assim que se é completo e não buscando refugios por ai.

Vivi de peito fechado durante a maior parte dos últimos meses e vou continuar enquanto não houver motivos suficientes pra mudar.


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