sábado, 27 de dezembro de 2014

Resoluções

O ano acabando e o universo conspirando para que eu acabasse com todas as pendências que, até então,  não tinha tido coragem de resolver. Eu cresci, deixei muita coisa pra trás. Me permiti sentir orgulho de mim. Apesar de ter superado muitas coisas, ainda me faltavam o nó e o laço,  minhas partes mais doloridas.

Conversei com o nó sem mágoa,  sem dor. Nenhuma conversa resolutiva, tudo que queria dizer já havia dito aqui "nas cartas não enviadas" isso me bastou e tenho quase certeza de que ele lê tudo como forma de martírio. Ele não precisa se sentir pior e eu já não me importo mais. Nos libertamos. Já estou com minhas coisas e ele com as dele. Confesso que quando o vi, apesar de mais velho e mais gordo,  reconheci o garoto por quem fui encantada. Aquele sorriso que me tirava o fôlego ainda existe, mas passou.  Não nos falamos mais e fiquei bem comigo. Sem sufoco, sem posse e sem medo de querer voltar.

Meu laço se desfez,  me deixou triste por uns dias. Por mais que laços não apertem, esse me prendia sem saber e, apesar de já ter perdido as esperanças, eu precisava de uma resposta na cara, dessas que tiram o chão sob os pés. E ele me deu. Sem noção,  sem tato, me enfiou goela abaixo tudo que eu já sabia antes de sair da boca dele. Eu falei tudo que guardei e me entoxicou por meses, mas não obtive resposta. Ele me disse que precisamos conversar,  na verdade o álcool disse, ele não tem coragem e eu não espero mais.

Coloquei pra fora outras coisas que faziam mal em relação a outras pessoas.  Entrei no mar depois de 14 anos. Me permiti fazer coisas que há tempos não fazia e me sinto como há anos não sentia. Me parece uma boa resolução de fim de ano e um bom início para um novo.

sábado, 8 de novembro de 2014

Gratidão

Nó,

Hoje descobri que você é a pessoa que sempre me descrevia quando fazia merda e pedia colo chorando. Somada a parte que eu captei com a nossa convivência, como o seu enorme egoísmo e a falta de princípios básicos que eu tentei te passar dia a dia, mas não deu... Enfim, me faço alguns questionamentos. Como não me permiti ver tudo isso e jogar a toalha antes? Que sentimentos são esses que escondem atos tão falhos e nos fazem esquecer de nossas convicções mesmo que por pouco tempo? 

As suas convicções ou a falta delas, seus poucos "amigos" e o meio em que vive são um espelho de tudo que eu desprezo. Isso explica muita coisa. Explica a minha indignação ao ouvir a verborragia preconceituosa da sua família. Explica a minha falta de paciência para festas e reuniões com seus amigos fúteis e vazios de empatia como você. Explica nossa visão política contrária. Explica tudo que me tornou a pessoa depressiva e insegura que estava com você, mas não era a que conheceu. 

Espero que tenha coragem pra mudar como eu tive. Pra começar a gostar de você mesmo, primeiro você tem que assumir quem é, inclusive seus erros pra tentar corrigi-los, já que te incomodam toda a vida.Quem sabe um dia você assuma também que não gosta de ser sozinho e atraia mais pessoas como meus amigos, que você gostava tanto e menos como os seus, que você tanto criticava. 

O universo nos afastou antes que enlouquecessemos. Hoje sou muito grata por isso.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

[pe]Última carta

Nó,

Eu não te odeio mais, mas sonhei que a gente tinha voltado e passei mal como quando terminamos. Fui parar no hospital. Desde então uma série de coisas estão acontecendo pra que eu lembre de você todos os dias. Justo você que me fez tão mal e eu custei a esquecer.
Nos últimos dias você esteve em todas as refeições. Senti falta da sua comida, da comida da sua mãe, do seu pai e até a da sua vó. Estava carente e lembrei de todas as vezes que não quis dormir no seu peito porque havia dias que eu não suportava você por perto. Confesso, me senti um pouco boba. Lembrei dos mistos quentes com mostarda nas manhãs seguintes a dias ruins causados por nossas brigas e de como isso melhorava o meu dia, talvez você nem saiba disso. Lembrei das brincadeiras idiotas, das fotografias, das guerras de travesseiro e de como eu adorava o som da sua risada. Das suas pequenas declarações piegas em redes sociais ou por sms. Senti falta dos carinhos de barba, dos carinhos nas costas (que descobri posteriormente que não é exclusividade sua), da podolatria (sim, é exclusividade sua até agora), das suas manhas e de tudo que eu conseguia suportar em você. Estranhamente não lembrei das coisas ruins . Por esses dias até pareceu que tudo foi perfeito. Reli meus textos pra lembrar do porquê não servimos um pro outro. Lembrei bem.
Fui tomar um banho e só achei uma toalha que sua mãe me deu, fui colocar uma camiseta pra dormir e só achei as suas, uma meia e só aquelas de lã que sua vó trouxe de uma excursão...todos os presentes e lembranças se atirando no meu caminho. Deu até saudade de jogar video game, ver aquele seu brinquedo dos slides que eu nunca tive paciência e tomar a melhor caipirinha de maracujá: a sua. Me disseram que é um tal de ciclo de escorpião que tá rolando, que atrai pensamentos sobre o que já passou, sei lá, não entendo muito de astrologia...Aí você é de escorpião, eu também. Ambos estamos em pleno inferno astral. Deve ser isso, tudo intensificado...espero que seja. Tomara.
Tenho que pegar logo minhas coisas e devolver as suas pra nos libertarmos e livres seguirmos em frente sem nem olhar pra trás. Não fazemos bem um pro outro. Quero o adeus que até hoje não tivemos.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Li nossas mensagens antigas, me bateu muita saudade. Saudade de como tudo era novo pra você, do seu cuidado e de como tudo isso me fazia bem na pior época da minha vida.  Quando eu me sentia profundamente triste, tinha você me descobrindo e sempre disposto a me ajudar. Saudade também do toque, pele, beijos, abraços, seu ronronar ao pé do ouvindo falando do meu cheiro...toda intensidade que durou tão pouco tempo.

Com você não tinha posse, não tinha doença, acho que é isso que é gostar de alguém de verdade. E eu gosto muito de você. Todo mundo sabe disso.

Ontem fez um ano desde o nosso primeiro beijo, faz uma semana que não te vejo e não tem mais previsão de ambos acontecerem. Eu fico aqui pensando que eu esqueceria de todas as chateações se você viesse esclarecer toda essa confusão que foi feita aqui. Acho que nem você mesmo sabe.

Eu não quero que você seja meu, eu só quero você comigo como nunca quis alguém. Quero nosso laço bonito de novo.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Extinto laço,

Se nesse último mês fosse dado a mim a tarefa de dar um novo nome a decepção com certeza lhe daria o seu. Nunca imaginei que você pudesse me doer tanto assim. Tão agudo.
O que me machuca é ver que não restou nada do laço bonito,  nem mesmo o cuidado. Foi embora sem me libertar. Eu tô aqui esperando sem saber o que aconteceu.  Não vai ter desculpa?  Não vai ter explicação?
Sinto sua falta, mas tô longe porque sua presença confusa tem me feito tão mal.
Se um dia você quiser me explicar o que aconteceu talvez eu ainda esteja aqui e talvez ainda esteja com saudade, mas eu não vou mais atrás de você.  Nunca mais.
Maldito nó,

Esse frio tem me trazido muitas lembranças. As músicas da nossa lista, o seu cheiro tão comum que passa por mim frequentemente, mas não vem de você. A angustia diária que era esperar pelo que você ia esquecer, todas as doenças geradas pela minha ansiedade e possessividade... tudo de volta com o frio como do último ano, quando nos separamos. Nesse inverno tudo é um misto de nostalgia e angustia.

Fazia tempo que não lembrava de você, não como o cara que me fodeu e foi embora, mas como uma pessoa. Fiquei sabendo que está fazendo coisas que nunca imaginei que faria. No início entristeci, pois quando estava comigo parecia tão depende...mas logo passou. Talvez tenha mudado porque deixei um pouco de mim em você. Um pouco da minha independência e da cobrança pela sua, da minha inquietação e determinação. Enfim está saindo da sua zona de conforto.

Espero pensar cada vez menos no que tivemos. Espero que as decisões que tem tomado te tornem uma pessoa melhor e feliz e, de preferência, muito longe de mim.

domingo, 29 de junho de 2014

Querido laço,

Vieram me dizer que anda preocupado comigo e que gosta muito de mim, talvez tanto gosto de você, mas como sempre você não me diz nada. Você me vê e me abraça,  tenta me olhar nos olhos, mas não deixo porque você sabe o quanto eles são transparentes e não quero ser traída por mim mesma mais uma vez. Não quero. Não quero te pedir pra ficar por perto, você foge. Agora quando vem é porque quer e de certa forma isso traz algum conforto pro coração que você deixou aqui inquieto. O que talvez você não saiba é que algumas coisas mudaram no último mês.
Encontrei alguém que gosta tanto do meu olhar quanto você gostava, talvez goste até mais. Ele ganhou espaço e tenho pensado muito menos em como seria se você tivesse coragem. E, diferente de você, ele me diz o que sente, é mais transparente e menos indeciso. Eu aceito todos os beijos, abraços e toques que são dele e não seus. Aceito como há meses não fazia.
Mesmo assim ando angustiada e pensativa. Acho que porque mesmo dividida e recebendo a atenção que almejava, ainda me sinto sozinha e com a antiga sensação do nó apertado me doendo. O inverno trouxe de volta todos aqueles sentimentos que eu amo e odeio sentir. Mas dessa vez eu não conto com seu colo e com a sua ajuda. Eu vou me virar sozinha porque eu sei que por mais que você diga que sou bem vinda, não posso contar com você sem que sinta vontade de fugir de nós de novo e de novo.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Querido laço,
Faz menos de um ano que você chegou, mas apesar do pouco tempo da sua presença ausente, parece que me fechou e jogou a chave fora. Nunca me senti tão incapaz de gostar de outras pessoas como agora.
Já experimentei vários outros corpos, mas nenhum me fez sentir como você fez. Nenhum sorriso ou olhar, nenhum beijo, abraço ou toque...nada.
Me aconselharam a abrir mão de você, já que desisti de insistir pra ter você por perto, mas mesmo sem te ver não consigo. Eu estou sempre voltando pra gaiola. Quando é que você vai me libertar?

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Ando tão cansada. Cansaço emocional que me faz, mais uma vez, abrir mão do que tanto quero. Nunca tive forças para lutar por amores exigentes. Doendo ou não, sempre os abandono pelo caminho e aceito os que lutem por mim. E mesmo com a ausência doendo aguda, meu ego consideravelmente grande e burro me afasta de uma conversa que coloque um ponto final em tudo isso. "Já fiz demais..." é sempre esse o pensamento que me vem à cabeça. Ai fica tudo assim, no ar, até que novos ventos levem tudo pra longe.

Querido laço,
Fiquei sabendo que quando te perguntam se estamos juntos, você não diz que sim e nem que não. Não entendo, quando está por perto não sai do lado, mas não me deixa te roubar os beijos de que eu sinto tanta falta. Acho que o que você não entende é que eu te queria leve como antes, sem compromisso e sem cobrança, só a parte quente e acolhedora que tenho certeza que não fazia bem só pra mim. Talvez quando entender seja tarde, mas pode ser também que você nunca entenda e eu não estou mais disposta a esperar que suas incertezas sejam resolvidas como um milagre porque, mais uma vez, não dá pra espera-los, não hoje, não pra mim, nem por mim e muito menos de você.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Tempos depressivos

"O cacto do amor, virou o cacto do desgosto. O 'stencil do orgulho' está coberto pelos vários raios x que tirei nas últimas semanas. Não consigo olhar pra ele.
Joguei sua escova de dentes fora e escondi tudo que é seu pra devolver quando me recuperar. Lembrar de você dói mais que todas as doenças que tenho tido. Apesar de tudo, estou me cuidando, tenho que me cuidar. Andam dizendo por ai que tem gente que vai sentir minha falta, que não posso desistir..."

Texto de julho. Que fase! Estive pensando e acho que você me deu o cacto porque achava que eu fosse como ele, precisasse de água só as vezes, que eu fosse forte e não precisasse de nada já que sempre doei tudo. Você só fez o stencil porque cobrei muito (queria te incentivar) e a culpa por esse incomodo é toda minha.

Mais uma carta mal escrita e não enviada

Maldito nó,

Ontem vi um filme e chorei, estava sensível e era um dia importante pra você e eu não participei, me caiu a ficha que nunca mais vou ser parte disso. E então me doeu tudo que fiz e tudo que não recebi. Acho que como na carta do filme, eu tenho esperado um pedido de desculpas pra me libertar do seu fantasma.
Espero desculpas por cada impulso egoísta e imaturo seu. Por cada vez que abafou os meus problemas com os seus. Por se esquecer de tudo que era importante pra mim. Por sufocar o meu espaço com tudo que era seu, mas não dar oportunidade pra entrar no seu quando não lhe convinha. Por me deixar doente, por me abandonar doente. A sua frase ainda ecoa na minha cabeça vezes e vezes seguidas: "Você não quer terminar porque está precisando de mim, mas eu não preciso mais de você". Dói, dói o meu engano, o meu tempo perdido. Tudo que eu fui sendo morto por você. A minha anulação pra fazer o garoto mimado, introvertido, sem amigos e cheio de traumas de infância se sentir melhor ou pior quando eu estava com raiva. Nunca ninguém me fez sentir tantas crises de ódio.
Hoje, depois de mais de quatro meses sem ficar doente, fui para um hospital. Esses dias não estão sendo fáceis. Acho que veio tudo a tona com um sonho que tive. Eu dava luz a uma filha sua, fui te contar e encontrei você como sempre se mostrava pra mim: confuso e sozinho, dentro de uma casa toda bagunçada como a gente estava. Acordei e fiz as contas, naquele dia fazia nove meses desde o fim definitivo. Me lembrei do alivio que senti quando demos um tempo, eu estava livre de um sentimento opressor,  que me fazia mal em tantos aspectos...mas me lembrei também do vazio desesperador que veio com o ele. Eu tinha a ilusão que pudesse me ajudar como eu te ajudei. Como pode alguém que diz amar ser tão frio? Seu amor era mentira, como muito do que diz. Hoje, a raiva é a única coisa que sinto por você. Eu já disse que gostaria de esquecer que você existiu? Pois é...acho que sim. Você não tem noção do mal que me causou porque sentimentos alheios não te abalam, você esquece tudo facilmente, só guardou seus traumas e foi jogando todos em mim aos poucos, um a um.
Sei que as desculpas nunca chegarão e,  apesar da raiva e de isso tudo parecer muito confuso, sinto um grande alívio por ter minha vida de volta sem você, sem suas coisas, seu espaço e tudo que é SEU. Só seu.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Pensei comigo mesma:
"Vamos racionar. Vamos lá, calma...pensa" enquanto uma lágrima escorria pelas minhas buchechas grandes e infantis. Tentava esconder meu rosto, o abraçava forte para que ele não visse.
Ele é muito parecido. Tem o mesmo olhar, as mesmas bochechas, a barba que eu adoro, olhos pequenos "quase de girassol", um sorriso muito parecido, o mesmo jeito de me aconchegar no peito e de me chamar de lindinha. O mesmo bom dia e o mesmo carinho nas costas. Não é possível, assim de perto parece igual, as vezes até me confundo. "Como pode tantos traços parecidos? Será um sonho? Não pode ser"... e não é.
Registrei em várias fotos a semelhança e então descobri novos ângulos que, para meu alívio, são menos parecidos. Ao percebê-los vi também que as atitudes não são nada parecidas. Ele não é nada egoísta, é muito solicito, atencioso e raramente esquece das coisas.  É parecido sim, mas só nas coisas boas. Não preciso entristecer e nem temer, não são a mesma pessoa. Não vai me fazer o mesmo mal, não vou adoecer, já aprendi a me cuidar. Também tem seus defeitos e sei que um dia também poderá me machucar, mas será de outras formas e não tenho que me armar.
Ao me dar conta disso sequei as lágrimas e já sinto falta, não do que ele parece ser, mas do que ele é.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Tenho ouvido músicas que me trazem uma enorme sensação de melancolia. E era exatamente assim que eu me sentia com você: melancólica. As ouço repetitivamente, estranho como senti saudade dessa sensação que me apertava o peito e por vezes trazia falta de ar. A verdade é que talvez eu gostasse mesmo de ser triste e ninguém sabe me fazer triste como você faz.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Outra carta não enviada

Maldito nó,

Hoje faz um ano daquele dia que você ficou doente num domingo e mesmo assim foi trabalhar,  me ligou diversas vezes no caminho chorando de dor, como se eu pudesse fazer algo de longe. Você não sabe se virar muito bem sozinho.
Lembrei porque olhei minhas mãos e encontrei cicatrizes feitas por sua causa. Queimaduras que fiz cozinhando um dos seus pratos favoritos,  corte de estilete refilando os cartões que desenhava pra você em datas especiais. Ai lembrei do quanto eu gostava de fazer as coisas por você, eu gostava muito. Apesar de que, por um tempo, sua dependência me irritou bastante, mas acabei me acostumando e cedendo ao seu jeito de namorar. A pior bosta que eu fiz.
Enfim, também não foi tudo ruim. Lembro bem desse dia que esteve doente, pois no dia anterior vivi um dos momentos mais felizes daquele ano, engraçado porque esse momento feliz foi causado por quem causou um dos períodos mais tristes da minha vida: você.
Tínhamos brigado aquela tarde, porque tinha dado mais uma pequena demonstração de que não era capaz de fazer mais nem as coisas que te pedia. Você prometia que ia fazer ou não ia esquecer e sempre era a mesma chateação. Estava exausta de você,  era o que eu sempre dizia. Na briga eu disse que podia ir embora,  que não ia me fazer falta, mas você não foi. Talvez porque ficaria em casa se martirizando e não aguenta o sofrimento muito bem e sabia que se insistisse um pouco mais com seus belos sorrisos eu acabaria cedendo. Enfim, motivo egoísta ou não, você ficou e me fez feliz aquela noite.
Bebeu uns drinks a mais pra ter coragem de me puxar pra fazer algo que eu amo e você odeia: dançar.
Minha felicidade foi tanta em ver que você foi capaz de fazer algo que gosto sem eu ter que pedir e me chatear mil vezes antes, que não conseguia dançar de tanto rir, rir também da sua falta de coordenação. Ficamos bem, chegamos em casa bêbados e felizes, transamos escondidos da minha família que estava por toda a parte da casa.
Apesar de ter ficado muito mal no dia seguinte,  provavelmente por causa do álcool,  você falou do meu sorriso daquela noite por várias das semanas seguintes e tentou repetir o efeito nas oportunidades que se seguiram. Até que um adoeceu o outro e chegamos onde estamos, somos completamemte estranhos agora. Escrevo mais essa carta que não será entregue porque não tenho a mínima vontade e nem mesmo necessidade de uma resposta, minha necessidade é desabafar, ver se desengasgo. Eu já falei tudo o que penso sobre você vezes e vezes seguidas.

Não sabíamos porque eu continuava com você,  eu dizia que era amor.

Pensar em falar com você,  pegar minhas coisas e devolver as suas me causa mal estar.
Já aceitei que nunca te amei, como você mesmo me dizia, que eu me tornei ciumenta e possessiva,  aceitei que nos separarmos foi o melhor, principalmente pra mim, o que eu ainda não digeri foi o egoísmo e a mentira. E infelizmente foi essa a imagem que ficou: um moleque egoísta que vai ser sozinho pra sempre porque não sabe doar, mentiroso e sem humanidade nenhuma.

Eu espero que a raiva um dia passe, não porque quero conseguir te olhar de novo e conversar, mas porque quero esquecer que você existiu.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Mais uma carta não enviada

Querido laço,

Eram 6 de manhã e já me perdi pensando em você, literalmente. Me vi perdida no percurso que realizo todos os dias. Perturbador.
Sinto muito a sua falta. Todos os dias te escrevo, mas apago, não mando. Não tô afim de me sentir invasora desse seu espaço tão particular, odeio esse papel. Ai fico assim, esperando o acaso, mais uma vez. Não dá pra esperar milagres, não hoje, não pra mim, nem por mim e muito menos de você.

domingo, 12 de janeiro de 2014

"Nós apertam, laços enfeitam"

Nó, eu tive um nó muito apertado e dolorido. Me doía quase o tempo todo e quando, enfim, foi desatado, permaneceram as marcas,  marcas que doíam como cicatriz em tempo de chuva.
Você veio, veio leve e simples, fizemos um laço bonito. Sorriu, me encantou, me tirou uns suspiros e depois me roubou um beijo e eu outros tantos. Me ofereceu ajuda, me ajudou sem saber e me fez rir em momentos que queria muito chorar. E mesmo quando eu chorei ganhei abraços ou palavras que me aliviaram o peso da grande tristeza que sentia. Me olhava de um jeito tão bonito quando elogiava meu olhar, quando lembro meus olhos ficam marejados. Mas aí você resolveu ir embora pra longe... Em breve, a distância física ficará imensa, mas desde então a distância emocional está muito grande. Sei que tem um nó como o que eu tive, sei que está difícil de ser desatado e que, talvez,  nosso laço fosse frágil demais. Sei também que a única jura que fizemos foi de sermos sinceros um com o outro. Conseguimos cumprir até agora.
Seu olhar bonito ficou triste e confuso, não existem mais beijos roubados e eu sinto muita saudade da sua companhia, das nossas conversas diárias, da sua pouca barba no meu pescoço e de arranhar meus lábios no seu queixo. De como nos demos bem desde a primeira vez...
Depois que decidimos ser só amigos pra não nos machucarmos eu tentei com outras pessoas e eu não queria admitir, mas acho que gosto de você mais do que gostaria, mais do que deveria. Estou escrevendo isso e decidindo não te contar. Não vou cumprir nossa jura e não vou ser sincera com você dessa vez.