terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Outra carta não enviada

Maldito nó,

Hoje faz um ano daquele dia que você ficou doente num domingo e mesmo assim foi trabalhar,  me ligou diversas vezes no caminho chorando de dor, como se eu pudesse fazer algo de longe. Você não sabe se virar muito bem sozinho.
Lembrei porque olhei minhas mãos e encontrei cicatrizes feitas por sua causa. Queimaduras que fiz cozinhando um dos seus pratos favoritos,  corte de estilete refilando os cartões que desenhava pra você em datas especiais. Ai lembrei do quanto eu gostava de fazer as coisas por você, eu gostava muito. Apesar de que, por um tempo, sua dependência me irritou bastante, mas acabei me acostumando e cedendo ao seu jeito de namorar. A pior bosta que eu fiz.
Enfim, também não foi tudo ruim. Lembro bem desse dia que esteve doente, pois no dia anterior vivi um dos momentos mais felizes daquele ano, engraçado porque esse momento feliz foi causado por quem causou um dos períodos mais tristes da minha vida: você.
Tínhamos brigado aquela tarde, porque tinha dado mais uma pequena demonstração de que não era capaz de fazer mais nem as coisas que te pedia. Você prometia que ia fazer ou não ia esquecer e sempre era a mesma chateação. Estava exausta de você,  era o que eu sempre dizia. Na briga eu disse que podia ir embora,  que não ia me fazer falta, mas você não foi. Talvez porque ficaria em casa se martirizando e não aguenta o sofrimento muito bem e sabia que se insistisse um pouco mais com seus belos sorrisos eu acabaria cedendo. Enfim, motivo egoísta ou não, você ficou e me fez feliz aquela noite.
Bebeu uns drinks a mais pra ter coragem de me puxar pra fazer algo que eu amo e você odeia: dançar.
Minha felicidade foi tanta em ver que você foi capaz de fazer algo que gosto sem eu ter que pedir e me chatear mil vezes antes, que não conseguia dançar de tanto rir, rir também da sua falta de coordenação. Ficamos bem, chegamos em casa bêbados e felizes, transamos escondidos da minha família que estava por toda a parte da casa.
Apesar de ter ficado muito mal no dia seguinte,  provavelmente por causa do álcool,  você falou do meu sorriso daquela noite por várias das semanas seguintes e tentou repetir o efeito nas oportunidades que se seguiram. Até que um adoeceu o outro e chegamos onde estamos, somos completamemte estranhos agora. Escrevo mais essa carta que não será entregue porque não tenho a mínima vontade e nem mesmo necessidade de uma resposta, minha necessidade é desabafar, ver se desengasgo. Eu já falei tudo o que penso sobre você vezes e vezes seguidas.

Não sabíamos porque eu continuava com você,  eu dizia que era amor.

Pensar em falar com você,  pegar minhas coisas e devolver as suas me causa mal estar.
Já aceitei que nunca te amei, como você mesmo me dizia, que eu me tornei ciumenta e possessiva,  aceitei que nos separarmos foi o melhor, principalmente pra mim, o que eu ainda não digeri foi o egoísmo e a mentira. E infelizmente foi essa a imagem que ficou: um moleque egoísta que vai ser sozinho pra sempre porque não sabe doar, mentiroso e sem humanidade nenhuma.

Eu espero que a raiva um dia passe, não porque quero conseguir te olhar de novo e conversar, mas porque quero esquecer que você existiu.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Mais uma carta não enviada

Querido laço,

Eram 6 de manhã e já me perdi pensando em você, literalmente. Me vi perdida no percurso que realizo todos os dias. Perturbador.
Sinto muito a sua falta. Todos os dias te escrevo, mas apago, não mando. Não tô afim de me sentir invasora desse seu espaço tão particular, odeio esse papel. Ai fico assim, esperando o acaso, mais uma vez. Não dá pra esperar milagres, não hoje, não pra mim, nem por mim e muito menos de você.

domingo, 12 de janeiro de 2014

"Nós apertam, laços enfeitam"

Nó, eu tive um nó muito apertado e dolorido. Me doía quase o tempo todo e quando, enfim, foi desatado, permaneceram as marcas,  marcas que doíam como cicatriz em tempo de chuva.
Você veio, veio leve e simples, fizemos um laço bonito. Sorriu, me encantou, me tirou uns suspiros e depois me roubou um beijo e eu outros tantos. Me ofereceu ajuda, me ajudou sem saber e me fez rir em momentos que queria muito chorar. E mesmo quando eu chorei ganhei abraços ou palavras que me aliviaram o peso da grande tristeza que sentia. Me olhava de um jeito tão bonito quando elogiava meu olhar, quando lembro meus olhos ficam marejados. Mas aí você resolveu ir embora pra longe... Em breve, a distância física ficará imensa, mas desde então a distância emocional está muito grande. Sei que tem um nó como o que eu tive, sei que está difícil de ser desatado e que, talvez,  nosso laço fosse frágil demais. Sei também que a única jura que fizemos foi de sermos sinceros um com o outro. Conseguimos cumprir até agora.
Seu olhar bonito ficou triste e confuso, não existem mais beijos roubados e eu sinto muita saudade da sua companhia, das nossas conversas diárias, da sua pouca barba no meu pescoço e de arranhar meus lábios no seu queixo. De como nos demos bem desde a primeira vez...
Depois que decidimos ser só amigos pra não nos machucarmos eu tentei com outras pessoas e eu não queria admitir, mas acho que gosto de você mais do que gostaria, mais do que deveria. Estou escrevendo isso e decidindo não te contar. Não vou cumprir nossa jura e não vou ser sincera com você dessa vez.