sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A dor mudou: uma nova perspectiva

O que me dói hoje é o contrário do que doía há seis meses atrás. Dói com bem menos intensidade.

Hoje dói ver que perdi tanto tempo e que o objeto da minha afeição, virou a vítima de uma possível obsessão. E que ele estava certo, nunca o amei, talvez fosse verdade que sentia-me sua dona por ter sido a alavanca pro menino começar a transformar em homem. Um homem com todos os egoísmos de um herdeiro único,  mas ainda assim, menos distante das minhas expectativas. Expectativas que se tornaram cada vez mais vãs.

Me dói ver que tomei toda a culpa do fim quando realmente não era só minha. Tive culpa de ter adoecido? De ter me doado e esperado reciprocidade?  Da segunda questão sim, a culpa é toda minha. Não se deve dar tudo a quem não dá valor e não sabe o significado das palavras afeto e gratidão. Quem sempre recebeu e teve tudo pra si não sabe doar e eu já sabia disso. Já da primeira só posso dizer que ele estava certo mais uma vez: ele não me fazia bem.

Me tornei o que sempre odiei ou tive medo: ciumenta, dependente e depressiva.  Tive ajuda pra entrar nessa e nenhuma pra sair. Pelo menos não de quem contribuiu pra isso. Sentia como se tivessem me fodido e depois abandonado pra viver sem o meu peso.

Revendo toda a tristeza de meses atrás vejo claramente que me submeti a algo desnecessário.  Não devia ter começado ou deveria ter acabado logo quando percebi o erro. Sofri chantagens emocionais, abafei meus problemas pra dar consolo, enfim, me anulei tantas vezes pra que? Pra ser abandonada quando mais precisava, porque alguém doente, mesmo que emocionalmente, é pesado demais.

Nesses últimos meses me convenci e vi que na vida só deve ter espaço pro que faz bem pro corpo, alma e coração. E com esse pensamento já me vejo de novo, quase inteira. Vejo minha vida sem o peso do outro e sem me sentir pesada pra ninguém. Nada de escuro ou poços sem fundo.