terça-feira, 12 de março de 2019

cobra

O décimo nono, 5 anos mais novo, mas era meu tipo e fui só pra ele me apresentar um lugar novo pra comer. Sagitário, delicadamente grande e interessante. Caminhamos por quilômetros conversando e sentamos pra beber no meu bar preferido e tudo se desenrolou naturalmente, não tinha pretensão, mas aconteceu e foi bom. O vigésimo eu não ia ver, mas chamei pra beber uma de última hora, deixei rolar todas as coisas que eu nunca deixo. Dominador como eu me trouxe a segunda, terceira...todas sem planejar. Tivemos o que queríamos um do outro e acabou sem pesar, talvez tenha ficado uma amizade que não ficou dos outros. O décimo nono voltou, eu quero, mas minha preguiça emocional fala mais alto. Essa coisa de conta já perdeu o sentido. O marco que iniciou a contagem já nem significa mais nada pra mim. Foram vinte corpos em quinze meses até eu perceber. Só um ainda quero, mesmo sem poder.

As segundas desse ano vem junto com uma troca de pele, meu corpo me mostrando que é hora de mudar. Meu corpo ainda querendo o mesmo corpo entre outros vinte sem poder, de novo .  Eu lembro daquele mês do ano passado e sinto uma falta que dói. Eu choro sempre que me perguntam do que eu sinto falta. E eu não entendo porquê ainda me sinto assim.

A rejeição que sofri no início da vida, mesmo que sem intenção,  me marcou pra sempre. A falta do leite materno, talvez, tenha me trazido uma intolerância à leite, que me causa sintomas como os de qualquer tipo de rejeição. Ânsia, dores de estômago e a pele que queima e desprende do meu corpo. Como uma cobra que troca de pele, minha pele solta na esperança de iniciar uma nova fase a cada semana, mas pouco muda. Minha mudança é mais lenta que as trocas de pele. Tenho ligado os pontos, feito descobertas e achando as causas dos efeitos. O processo de cura está acontecendo, mas ainda sinto que rastejo no caminho. O que me conforta é que dessa vez dói, mas parece definitivo. Nada de dores repetidas. Espero não rastejar duas vezes no mesmo caminho.