domingo, 21 de junho de 2015

Nós nunca daríamos certo, bonito, mas eu tenho pensado em você todos os dias. Lembro das raras e deliciosas vezes que se soltou comigo, das nossas conversas intermináveis e do silêncio reconfortante que vinha, as vezes, acompanhado de um longo e aconchegante abraço. Te quero porque não posso ter. Eu me saboto, venho me sabotando. Se pode dar certo eu não quero, não serve. Desisto.
Você nunca ficaria e eu sempre soube, desde aquele dia que me beijou sem que eu esperasse. Me agarrei com todas as forças pra anular qualquer possibilidade de alguém que tivesse alguma chance e tirasse esse lugar intocável que eu te dei e que fizesse o que fizeram comigo antes de você chegar. Chamei todos como te chamava, bonito, não por mal, eu sou assim, cheia de repetições impulsivas e pouco reflexiva pra sentimentalismos alheios. Fiz com eles tudo que gostaria de ter feito com você, não por mal, mas diferente de você respeito minhas vontades e não tenho medo dos erros.
Nesses dias que você está distante há alguns meses, e na iminência da sua partida, eu venho pensando que todas as chances acabaram de vez. Não a chance de sermos algo, está claro que ela nunca existiu, mas a chance de saciar as nossas vontades, ou a minha vontade egoísta de te sentir sem medos, sem pressão e sem nossos fantasmas. E de novo, eu não quero que você seja meu, eu só quero você comigo como nunca quis alguém. Só queria não ficar mais chateada por você ou por mim, ou talvez por um nós que não existe e nunca existirá.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Sonho pra por na realidade

Dois anos depois e eu sonhei com o nó. Sonhei como se eu ainda estivesse doente dele. De nós. Implorava a atenção de alguém que não tinha forças nem pra amar a si mesmo. Apático na cama o nó mal me respondia. Eu o abraçava pra ele se sentir melhor, como sempre fiz (primeiro ele e depois eu). Dormia com ele e acordava na minha cama, vezes seguidas, um sonho dentro do outro.

Só agora me dei conta do porquê estou pesarosa nos últimos dias. O choro que vem do nada, o aperto no peito me sufocando e que faz questionar: o que deixei passar pra me sentir assim?

Há dois anos senti esses sintomas multiplicados muitas vezes, me tiraram a fome, a saúde e a vontade da vida.

O que eu deixei passar? Talvez o luto pelo fim do meu ciclo,  nesses dois anos muita coisa ruim em mim morreu e muitas boas nasceram. E tudo isso foi doído. Somatizou e doeu nos meus ouvidos quando me recusei a ouvir. Na minha garganta quando eu não quis ou não consegui falar. No peito quando sufoquei com tudo guardado. No meu estômago quando não consegui digerir o que aconteceu. Na minha pele quando só o que eu queria era não ser eu.

Parece clichê, mas com a dor aprendi a usar a energia do universo a meu favor.

Ainda não sei domar, mas fujo da posse e de tudo que me prende e entristece. Aprendi que nasci pra ser livre, as vezes sozinha, pra ver tudo que sempre tive medo de ver de perto: o meu eu de verdade.