quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020 pra fuder

Esse ano foi muito difícil mas, graças ao deus que não sei se acredito, não perdi ninguém que eu amo. Quebrei mais um osso. Tive que enfrentar tantos medos que meu peito ainda dói sem tempo pra respirar. Hoje é o último dia desse ano amargo e estou sentindo um misto de alívio e pavor. Alivio por ter acabado e pavor do que nos aguarda. Não sei se posso suportar um terceiro ano horrível. 


ao som de Abandon window - Jon Hopkins.   



quinta-feira, 10 de setembro de 2020

rancor.

Eu tenho tanta autoconfiança no poder de cura do meu acolhimento e amor que, as vezes, eu tenho plena certeza que posso curar com um pouco de cuidado, abraços quentes, ouvido atento e o cuidado que posso dar. Eu mesma não me acolho, cuido e dedico assim por mim. Ninguém tem essa capacidade de curar feridas alheias magicamente, já do oposto todos têm e já experimentei o gosto salgado do choro engolido tantas vezes que não seria possível contar. É mais difícil quando tenho que perdoar o mesmo erro várias vezes, eu não consigo e muitas vezes eu não quero.

sábado, 16 de maio de 2020

Carta não enviada


Faz muito tempo que eu acho que tenho que falar com você, mas é difícil porque a gente nunca sabe como está o outro lado. A tentativa de alívio pode trazer mais mal entendidos se não for interpretada com a mesma intenção que é feita. E nossa comunicação já foi cheia de más interpretações. Estou escrevendo só pra organizar o que quero dizer, mas talvez nunca te envie isso.
Não sei como foi pra você a nossa última conversa há quase 2 anos atrás, mas pra mim foi muito ruim e sempre que lembrei de você ou dessa conversa me senti muito mal.
Primeiro porque eu fui babaca, eu não gostei de você me apontar algo que não gostou da forma que fez, te achei presunçoso e em vez de eu só falar que não era você e que tinha sido uma brincadeira boba e infeliz, eu resolvi desmerecer o que eu sentia por você, pra você achar que eu não ligava pra você. E eu ligava, MUITO. Eu gostava de verdade de você, e do que a gente tinha antes das nossas crises individuais. Eu tava apaixonada real e durante muito tempo depois acreditei que ainda estava. Talvez eu tenha sido babaca também por gostar muito de como era antes disso, aquela coisa de termos só a parte boa, enfim, e acabou porque tinha que acabar, normal. Me frustou sua reação, que, de verdade, não esperava, mas enfim, tava se defendendo como o humano que é. Os dois foram grosseiros. Foi tudo desnecessário naquela conversa. Me magoou muito e até hoje me dói. Nunca consegui apagar, mas também nunca precisei reler. Estou escrevendo na tentativa de deixar isso pra trás.
Pra você pode não ter sido nada, pode nem lembrar mais da conversa ou de mim, mas de alguma forma eu tenho a esperança de que essa mágoa que eu negligenciei durante todo esse tempo e somou as minhas outras experiências ruins passe com essa exposição e reconhecimento da minha parte da culpa. Se na tentativa de me preservar te feri na época peço desculpas, não era a intenção, eu só te desejava coisas boas, mas eu também erro. Espero que esteja bem e ,diferente de mim, não fique remoendo esse episódio infeliz. É isso, só precisava dizer
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quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Como prometi parei a contagem e, agora, nem lembro o motivo pelo qual comecei. O que me restou dela foi o décimo e os leoninos. Foram tantos que eu nem sei. É como se isso de signo realmente importasse e eles me fizessem sentir como sou e como quero ser, como eu não me sinto a maior parte do tempo. Sol ou vênus, leão sempre presente. No extremo oposto está o décimo. O décimo me faz passar mal até hoje, 1 ano e meio depois. Pensar como foi perfeito e encaixou em tudo o que eu queria, mas não fui o suficiente, mesmo sabendo que não foi exatamente assim. Me colocar nesse lugar me estremece da pior forma, adoeço ao pensar que nunca mais vamos ter a chance de consertar, mesmo sabendo que se tivesse durado seria ruim. Não há meios termos nas minhas relações, tenho falado disso na terapia. Há 10 anos repito nos meus textos aqui: eu não sei dosar. Me abstenho ou me entrego compulsivamente. É difícil viver assim, é cansativo e cada dia mais dolorido. Eu tenho aguentado, mas meu corpo dói. Eu tenho tentado e falhado, mas chegou a hora de aceitar que preciso encontrar um meio termo.