segunda-feira, 28 de março de 2011

Ciclo

Cansada de querer entender tudo e entender, ou achar que entendo, e logo em seguida perceber que entendi tudo errado. Cansada de sentir saudade de tanta coisa, de gente que mesmo de perto faz falta e da ausência dos amigos que se mudaram pra longe. Cansada da confusão, da mistura de tantos sentimentos, das discussões e de tudo que nelas admite-se ou não. Cansada dos desistentes e principalmente dos insistentes. Cansada da vulnerabilidade que se encostou aqui este ano e da persistência com os casos perdidos. Cansada do aperto no peito e do nó na garganta. Cansada da dependência de alguns abraços queridos, alguns ombros amigos e do silêncio confortante. Cansada principalmente de viver cansada.




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domingo, 20 de março de 2011

Sorriso preferido

Mesmo com a cabeça cheia, não falta espaço pra que apareça nos pensamentos. Sinto falta da boca, da pinta e do cheiro. Sem falar na pele e do abraço quentinho. Tudo isso é muito estranho. Só não posso falar que sinto falta do sorriso, porque ele lê isso e vai saber que falo dele.


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quinta-feira, 10 de março de 2011

Amores platônicos

A sua nova diversão é inventar amores. Pega a característica que lhe encanta e idealiza um ser que lhe agrada, dentro das limitações da realidade. Cria histórias que faz rir de tão patéticas.

Seu futuro marido, aquele, o das covinhas, o que troca poucas palavras, este é o príncipe da vez, já têm até futuros filhos com covinhas igualmente lindas. Afinal, que mal tem inventar amores platônicos? A gente só inventa o que não existe mesmo.

Gostaria que fosse assim também quando fosse a idealização e não a idealizadora. Invenção inocente, nada de achar que tudo que se imagina se torna realidade. Isso não faz nada bem.



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terça-feira, 8 de março de 2011

Indesejável

Antes de sair tentando liquidar carências por ai começava aprender a lidar com elas, aos poucos, as vezes conseguia, ou achava que conseguia. Exatamente nestes momentos de "quase confiança", os fantasmas, sombras e outros seres indesejáveis reaparecem para aterrorizar. Vieram com peso extra, arrastando por ai todos os males, deixando rastro visível do descontentamento de ainda não ter compreendido que eles sempre voltam. Não voltam para sanar a tal carência (ela apareceu justamente pela decisão de viver sem estes seres), voltam pelo prazer de incomodar.

Será condenada a viver com fantasmas o resto da vida? A solução seria: tentar ignorar? Tenta, mas nem sempre tem êxito. Alguns fantasmas são bastante insistentes, justamente os menos importantes, que se não fosse pela insistência, seriam facilmente esquecidos.



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