terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Início e fim

Em um dia de tristeza entrei em uma igreja e ouvi a voz mais linda, era grave e rouca, eu tinha que achar seu dono e achei. Durante anos fui apaixonada por aquela voz que me trouxe momentos de felicidade pura e simples, reconheceria aquela voz até abafada em panos, mas um dia a alegria proporcionada acabou e não fazia mais questão de ouvi-la, há tempos não cantava pra mim.

No último Natal o telefone toca e a voz do outro lado me pergunta:
- Por que está triste?
E eu realmente não estava muito contente, várias lembranças me faziam refletir e além de tudo estava com uma tosse que me tirava o sono havia dias.
- Não, não estou triste, só um pouco doente. Quem é?
Então ele me disse seu nome, o que me causou grande surpresa. Como pude esquecer aquela voz?
Conversamos sobre nossos problemas de saúde, ele está bem pior do que eu, fiquei preocupada, ele foi sempre tão saudável, mas foi isso, me prometeu uma visita que eu sei que não será feita, tanto faz, não me faz bem e nem mal.

É incrível como coisas que julgamos necessárias para sempre se tornem tão dispensáveis. Nunca me imaginei sem aquela voz dizendo as mesmas frases que eu adorava ouvir e hoje não a reconheço mais e tenho horror quando alguém me chama de amor ou qualquer coisa do tipo.

Hoje um anônimo me enviou uma pergunta, perguntava o porquê do meu namoro que parecia tão perfeito e havia durado tanto tempo acabou assim de repente e hoje eu sei responder perfeitamente e sei que não foi tão súbito assim. Ele também sabe, sempre soube, fazia questão de perguntar: Por que você sempre tem tantas dúvidas e eu nunca tive nenhuma?
A resposta os dois sempre souberam, mas dizer doía um bocado, é melhor deixar subentendido.




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